Na sequência dos relatos de setembro, meus ex alunos(as) falam sobre a importância que o teatro teve na vida e de como foi transformador vivenciar essa arte.
“Algumas vezes tentei introduzir a minha história com o Teatro, mas falhei porque não consegui achar um princípio. Apercebi-me então que não há um princípio nessa história. Teatro é vida. Está comigo desde sempre e, enquanto eu viver essa loucura, estará aí presente o Teatro. Ainda que não haja um princípio, houve um tempo em que, de certa forma, eu comecei a perceber o Teatro na minha vida.
Esse momento começou no sexto ano da escola primária, e a “culpada” de tudo isso chama-se Tanise DIVA. Não posso negar que fiquei inicialmente chocado com a exuberância desse ser. A professora de Teatro que usava calças coloridas, t-shirts ainda mais coloridas e um cabelão cor-de-rosa jogado para o lado. Não poupava gritos nem risos. Perdia os amigos, mas nunca a piada. Não tinha tempo para preocupações, porque o gastava sorrindo e cantando.
Não demorou muito para que o choque se transformasse numa admiração tremenda. Essa tal de Diva levava a vida de um jeito leve e divertido. Alegrava as pessoas à sua volta, inclusive eu. À porta da sua sala (lembro-me até hoje) tinha uma plaquinha dizendo “Um dia sem sorrir é um dia desperdiçado.”
Tão divertido quanto sua personalidade, eram também as suas aulas de Teatro.
Aquela sala era o lugar onde esquecíamos que havia um mundo lá fora. As dinâmicas que a professora trazia: faziam com que colegas se tornassem amigos. Partilhávamos histórias, contávamos piadas, ríamos uns dos outros, inventávamos as nossas próprias peças, dando vida às loucuras que cultivávamos nas nossas mentes. Hoje, anos depois, levo estas memórias comigo.
Percebi que o Teatro não está dentro de uma sala de aula, ou então num auditório durante uma peça, mas sim dentro de nós. Sou capaz de interpretar as minhas emoções internas e discernir entre o que quero apresentar ao mundo e o que talvez ainda precise de mais um ensaio. Sou capaz de vestir meus personagens de acordo com o meu humor, ou então pelo simples fato de querer viver um hoje diferente do que foi o ontem. E não estou a falar de falsidade, mas sim de adaptar-me ao ambiente, inovar e renovar o que gira à minha volta.
O Teatro ensinou-me muitas lições, e tenho a certeza que ainda há muito por vir. Sou apenas grato por todas as vivências e aprendizados que hoje me permitem ver um mundo mais colorido e feliz.”
Felipe Reinaldo Mentz
20 anos
Estudante-Atleta na Cowley College
Kansas, Estados Unidos
Encerro aqui os relatos de setembro com o coração transbordando gratidão. Histórias lindas e emocionadas, resgatadas do fundo do coração, misturadas com tantas memórias afetivas positivas e marcantes. Não existem palavras para agradecer todo o amor dirigido a mim e à nossa história!
Os professores têm esse talento: construir memórias inesquecíveis na vida dos alunos(as) e esta é sempre uma escolha. Feliz que escolhi e consegui espalhar o amor ao teatro, amor à arte, amor às pessoas, mas sou ciente de que a minha porcentagem nisso é menor… a maior parte foi desses seres disponíveis, abertos, amorosos, determinados e CORAJOSOS!
Mesmo com o tempo, que ousa passar por nós sem travão, seguimos nossa amizade… conectados por nossas vivências.
Acompanho cada um e eles me acompanham. Infelizmente não há como partilhar tantos relatos que recebo, a maioria deles são muito pessoais e guardo para mim como um tesouro imensurável. Quem foi meu aluno(a) sabe que não tens que estar debaixo da luz para brilhar…estão todos representados nessas pequenas histórias… todos sabem que o brilho vem de dentro… que todos SOMOS LUZ e TODOS brilhamos e um brilho não ofusca o outro!
E como dizia a placa da minha sala de aula:
RELAX! WE’RE ALL CRAZY, IT’S NOT A COMPETITION.
Traduzindo:
RELAXAR! SOMOS TODOS LOUCOS, NÃO É UMA COMPETIÇÃO!
Abraços Demorados
Tanise, a Diva.
😃🌻